sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O álcool, a gasolina e os preços


A indústria do etanol tem sido prejudicada, 70 usinas fechadas e um futuro nada claro, isso é o resultado da atual política dos combustíveis.
Em cinco anos as vendas de etanol caíram 35% e as vendas de gasolina subiram 68%. E a qualidade do ar também perde com isso.

Em 2009 quase igualou-se ao consumo de gasolina no país. Em 2014, quando foi divulgado o último dado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo) as vendas caíram 35%; de 355 mil barris/dia para 205 mil, demonstrado no gráfico. A gasolina, no mesmo período passou de 330 mil para 555 mil, aumento de 68%. O Brasil não produz toda a gasolina que consome, parte tem que ser importada, com isso a Petrobrás quanto mais vende mais perde.  

Houve um período de muita animação no setor sulcroalcooleiro quando aparentava ser a solução perfeita por razões econômicas e ambientais. O país produziria o combustíveis para suprir as próprias necessidadess e também exportaria. Em 2008 a crise pegou o setor no meio do investimento tendo ele se endividado no exterior. A consequencia: o preço do petróleo desmoronou e as fontes de financiamento para a energia limpa esgotaram-se. Com a redução do preço do barril de óleo caiu o preço também dos derivados de petróleo e aumentou a atração pelo combustível fóssil.

De acordo com dados da UNICA (União da Indústria de Cana-de-açúcar), entidade que representa o setor, desde setembro de 2008, quando iniciou-se a crise internacional, mais de 70 usinas fecharam as portas. Nos últimos dois anos o corte de postos de trabalho chegou a 60 mil. A gasolina passou a não acompanhar os preços internacionais, o governo estimulou ao mesmo tempo a venda de carros e reduziu impostos e controlou seus preços. Em 2012 o imposto foi zerado e assim permanece. O etanol perdeu a preferência entre os consumidores.

O etanol tem rendimento 30% menor que a gasolina, seu preço precisa ser inferior e competitivo. Com o advento da crise canaviais envelheceram, por ausência de investimentos e renovação, ficaram vulneráveis às chuvas fortes e às secas.

A crise energética tem sido positiva apenas para as usinas que produzem energia com o bagaço da cana. Elas conseguem vender a eletricidade excedente para a rede e beneficiar-se do alto preço da luz. Mas os estragos da atual política são muito superiores a ocasionais lucros.

Com esse cenário a perspectiva é: o aumento no preço da gasolina é inevitável, isso já deixou claro o ministro Mantega e a conta de luz vai aumentar também, por diferentes razões.





* O setor sucroalcooleiro está "moendo usinas, e não cana". -   Mônika Bergamaschi  -Secretária da Agricultura e Abastecimento do Estado de são Paulo, durante o 3º Semiário  Perspectivas para o Agribusiness, promovido pelo BM&FBovespa-