quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Reis Magos, que talvez não fossem três e nem reis

No dia 06 de janeiro comemora-se o dia de Reis, que na tradição cristã foi o dia em que os três reis magos levaram presentes a Jesus Cristo.
Elfandarilha
Pintura renascentista que reproduz a cena dos três magos prestando adoração a Jesus. Quadro pintado por Sano di Pietro, em 1470.

Cada um dos reis magos saiu de sua localidade de origem, ao contrário do que pensamos - que viajaram juntos.

Baltazar saiu da África, levando para o menino mirra, um presente ofertado aos profetas. A mirra é um arbusto originário desse país, onde é extraída uma resina para preparação de medicamentos.

O presente do rei Gaspar, que partiu da Índia, foi o incenso, como alusão à sua divindade. Os incensos são queimados há milhões de anos para aromatizar os ambientes, espantando insetos e energias negativas, além de representar a fé, a espiritualidade.

Melchior ou Belchior partiu da Europa, levando ouro ao Messias, rei dos reis. O ouro simbolizava a nobreza e era oferecido apenas aos deuses.
Elfandarilha
Ilustração retrata os três reis magos seguindo a estrela rumo a Belém - FLICKR

O relato feito na Bíblia a respeito da visita dos magos ao recém-nascido Jesus é bem simples. Encontrada no livro de Mateus 2:1-12, a narrativa conta que Jesus nasceu em Belém quando Herodes era rei de Israel. Com o nascimento de Cristo, alguns magos do Oriente viram uma estrela, a Estrela de Belém, e foram guiados por ela até o local onde estava o menino Jesus em sua manjedoura.

Elfandarilha
Ilustração que representa a cena dos três magos visitando Jesus. Na imagem, é perceptível a Estrela de Belém. iStock

Segundo historiadores, os magos começaram a ser chamados de reis durante a Idade Média. Existem, inclusive, dois relatos medievais interessantes referentes aos magos. O primeiro deles é uma narração feita por São Beda, Doutor da Igreja que viveu na atual Inglaterra entre os séculos VII e VIII. Esse relato foi encontrado em um manuscrito chamado Excerpta et Colletanea, que faz a seguinte menção aos reis magos:

Melquior era velho de setenta anos, de cabelos e barbas brancas, tendo partido de Ur, terra dos Caldeus. Gaspar era moço, de vinte anos, robusto e partira de uma distante região montanhosa, perto do Mar Cáspio. E Baltasar era mouro, de barba cerrada e com quarenta anos, partira do Golfo Pérsico, na Arábia Feliz.
Elfandarilha
Adoração dos Magos - commons.wikimedia/domínio público

Outro relato que menciona os “reis magos” é o manuscrito chamado Historia Trium Regum, redigido por Johannes von Hildesheim, um monge alemão, em 1375.

Na Bíblia, apesar de os magos não serem associados a reis na narrativa em Mateus, essa referência é feita em outras partes desse livro sagrado, como em Isaías e em Salmos:

E os gentios caminharão à tua luz, e os reis ao resplendor que te nasceu. (Isaías 60:3)

Os reis de Társis e das ilhas trarão presentes; os reis de Sabá e de Seba oferecerão dons.
E todos os reis se prostrarão perante ele; todas as nações o servirão. (Salmos 72:10-11)
Elfandarilha
A visita do sábio - commons.wikimedia/domínio público

Na Alemanha, mais precisamente, no interior da Catedral de Colônia, existe um relicário em que, segundo a tradição, são guardados os restos dos reis magos. Descoberto por Santa Helena, mãe do imperador Bizantino Constantino, no século IV d.C, o relicário foi trazido do Oriente para Constantinopla.

No século VI, o objeto foi transferido de Constantinopla para Milão. No século II, em um ataque a Milão ordenado pelo imperador do Sacro-Império, o relicário foi roubado e levado para Colônia, na Alemanha.
Elfandarilha
A Catedral de Colônia, na Alemanha, possui em seu interior o relicário dos três reis magos. - Brasil Escola

Fonte MSN

''Penso que a fé é a extensão do espírito. É a chave que abre a porta do impossível.'' -